Estudo comprova que a modificação comportamental de aranhas beneficia larvas dos parasitoides

Um artigo de autoria do doutor em Entomologia, Thiago Gechel Kloss, juntamente com outros pesquisadores, foi publicado pela Animal Behaviour e escolhido como destaque da edição de janeiro da revista . No artigo  intitulado “Host behavioural manipulation of two orb-weaver spiders by parasitoid wasps”, os autores constatam que “as larvas dos parasitoides são beneficiadas pela modificação comportamental das aranhas parasitadas e que essa alteração comportamental não é consequência do estado nutricional das aranhas, mas, provavelmente, ocasionada pela inoculação de substâncias químicas pelas larvas dos parasitoides”.

 “Com a constatação de que a restrição nutricional não é responsável por induzir a modificação do comportamento de construção das teias, nós sugerimos que o mecanismo de indução das modificações comportamentais pode ser químico. Provavelmente, as larvas dos parasitoides de terceiro estágio injetam alguma substância nas aranhas, o que ativa a construção de teias modificadas, aumentando a sobrevivência dos parasitoides” – afirma o autor.

O estudo foi realizado na Reserva Biológica Augusto Ruschi e na Estação Biológica de Santa Lúcia, localizadas na região serrana do Espírito Santo, no município de Santa Teresa. Foram pesquisadas espécies de aranhas Cyclosa fililineata e Cyclosa morretes, que são parasitadas pelas vespas Polysphincta sp. nr. purcelli e Polysphincta janzeni, respectivamente.

Para verificar se a modificação da teia resulta da debilitação nutricional das hospedeiras, aranhas foram coletadas e transferidas cada uma para molduras de madeira. Após a transferência, elas foram divididas em dois grupos. O primeiro grupo de aranhas foi alimentado diariamente com um cupim durante 21 dias. Já o segundo grupo não recebeu alimento no mesmo período. Thiago destaca que “21 dias é o período de desenvolvimento da larva do parasitoide. Assim, nós simulamos o mesmo período no qual a larva fica sugando a aranha. Para avaliar as possíveis modificações nas teias dos dois grupos, nós fotografamos as teias construídas pelas aranhas no primeiro e no 21º dia do experimento”.

Também foi realizado um segundo experimento, onde foram marcadas as teias de aranhas parasitadas. A equipe de pesquisadores acompanhou essas aranhas até o momento em que a larva do parasitoide induziu a construção de uma teia modificada. O autor do trabalho explica que “nesse momento, nós transferimos as aranhas parasitadas para teias normais, de aranhas não parasitadas (que foram removidas da teia) ou inserimos as aranhas de volta para a mesma teia modificada (controle). Nós avaliamos diariamente a sobrevivência das pupas dos parasitoides nas duas arquiteturas de teia”. Thiago avalia que “esses experimentos comprovaram uma dúvida existente desde o primeiro artigo publicado sobre manipulação comportamental de aranhas: a influência das teias modificadas na sobrevivência dos parasitoides”.

O artigo é fruto da tese de doutorado em Entomologia que Thiago desenvolveu na UFV, sob a orientação do professor Carlos Frankl Sperber.

 

 

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