Entomologia integra projeto para controle biológico de pragas invasoras na Europa

Os pesquisadores italianos, Emilio Guerrieri e Massimo Giorgini, do Istituto per la Protezione delle Piante, passaram quinze dias em Viçosa, coletando inimigos naturais da traça do tomateiro. A coleta de predadores faz parte de um importante projeto de cooperação internacional, que visa o controle biológico de duas pragas invasoras na Europa: a Tuta absoluta, que ataca plantas de tomate, e a Drosophila suzukii, mosca que ataca frutos de cereja, framboesa, morango e outros. O projeto financiado pela União Europeia envolve especialistas da Europa, Brasil, Estados Unidos, Argentina e China. Os professores da Entomologia, Raul Narciso Guedes e Marcelo Coutinho Picanço, bem como o professor da UFV Campus Florestal, Lessandro Moreira Gontijo e o professor da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), Herbert Siqueira, são os pesquisadores brasileiros participantes.

O tomate é uma importante cultura no sul da Europa. Contudo, o mercado europeu vem sofrendo com a entrada do tomate chinês, que é muito barato.  Dr. Massimo Giorgini destaca que “o sul da Europa produz tomate com qualidade e não compete na quantidade de produção com a China”. De acordo com Dr. Emilio Guerrieri, coordenador do projeto “Ameliorating the sustainable control of invasive insects” (ASCII), “para a economia é muito importante manter a produção de tomate local. Mas, sobretudo é preciso encontrar uma solução que controle a T. Absoluta e respeite o ambiente. Na Itália, se cultiva tomate o ano inteiro. Em geral, os produtores controlam a T. Absoluta aplicando inseticidas. E o melhor seria que esse controle fosse feito de forma a criar um equilíbrio e ter sustentabilidade na agricultura”.

Nessa perspectiva, eles acreditam que o controle biológico é a solução. O propósito é encontrar inimigos naturais que combatam efetivamente as duas pragas invasoras. Uma vez confirmada a capacidade de predação, será iniciado todo um processo para tentar introduzir o inseto na Europa. Assim, os pesquisadores buscam inimigos naturais nas regiões de origem dessas pragas. Dr. Emilio informa que “um dos princípios é que no ambiente de origem da praga tenha maior diversidade de inimigos naturais”. Como a T. absoluta é originária da América do Sul, estão sendo coletados insetos no Brasil. Da mesma forma que foram coletados inimigos naturais de D. suzukii na China, tendo em vista que a praga é nativa da Ásia.

Iniciado em junho de 2013, o projeto terá duração de quatro anos.  Nos próximos anos, pesquisadores do Brasil vão realizar treinamentos na Itália sobre técnicas de comportamento e de identificação. O coordenador do ASCII explica que  “o objetivo é que os pesquisadores aprendam técnicas recentes, como todos os testes e experimentos para medir se uma espécie é efetiva para controle, e sobre a caracterização de inimigos naturais”.

Durante a estadia na UFV, além da coleta de insetos, os pesquisadores italianos ministraram seminários aos estudantes e orientadores da Entomologia. De Viçosa, eles seguiram para Pernambuco. Esta não será a única visita ao Brasil. No último ano do projeto, os pesquisadores deverão retornar ao país.

O ASCII conta com recursos do FP7, programa de financiamento da União Europeia  que foi encerrado. O FP7 foi substituído pelo Horizon 2020, novo programa de financiamento à pesquisa e inovação do bloco econômico.

Emilio Guerrieri e Massimo Giorgini

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