Artigo alerta para efeitos não-intencionais de inseticidas e é um dos mais citados do biênio 2020-2021

Um dos artigos mais citados do biênio 2020-2021 na revista Pest Management Science é de autoria de três orientadores e quatro pesquisadores egressos do Programa de Pós-Graduação em Entomologia. O trabalho “Rethinking biorational insecticides for pest management: unintended effects and consequences” foi publicado em 2020 pelos professores Eugênio Oliveira, Raul Guedes e Eliseu Pereira, em conjunto com Khalid Haddi, Leonardo Turchen, Luis Viteri e Raimundo Aguiar, todos egressos da Entomologia.

No trabalho, o grupo de pesquisadores alerta para a necessidade de se avaliar os efeitos não-intencionais e as consequências que inseticidas bio-racionais podem trazer para o sistema antes de atestar sua segurança e eficácia para o controle de pragas. “O nosso chamado é um alerta à sociedade como um todo no sentido de que não é o fato de ser uma molécula bio-racional que garante que o inseticida não vai causar danos ao meio ambiente, ao próprio manejo integrado de pragas, ou à saúde humana. Queremos desmistificar a ideia de que um produto, por ser natural ou bio-racional, é automaticamente melhor do que os sintéticos”, explica o professor Eugênio.

Entre os possíveis “efeitos não-intencionais”, Eugênio cita os impactos que alguns compostos bio-racionais podem ter em organismos não-alvos – insetos benéficos, como abelhas polinizadoras (especialmente as abelhas sem-ferrão e nativas da região Neotropical), predadores e parasitóides, por exemplo. “Outro efeito não-intencional possível é você usar um composto para controlar a praga A, e acabar favorecendo a praga B, que não é alvo da sua aplicação. A praga A sai do sistema, eliminada pelo inseticida, e esse mesmo inseticida pode levar a uma resposta positiva da praga B”, acrescenta. 

No processo de produção do artigo, os pesquisadores fizeram também uma revisão sistemática nas principais plataformas acadêmicas, indicando o pequeno percentual de trabalhos científicos que exploram o tema das moléculas bio-racionais além de sua eficácia contra determinada praga. “Muita gente estuda esse assunto, mas poucos estudos abrangem os efeitos não-intencionais. Precisamos cada vez mais de mais moléculas, sejam elas bio-racionais ou sintéticas, mas para isso precisamos estudar, fazer pesquisas, verificar.”

Nova perspectiva
A proposta de mudança na perspectiva é controversa, como reconhece o professor Eugênio, na medida em que questiona o “senso comum”, de que os produtos orgânicos são sempre mais indicados do que os sintéticos. “Nós não estamos afirmando que não sejam. Os inseticidas convencionais, sintéticos, tem muitos problemas e isso não é negado. O que a gente quer dizer é que não é somente pelo fato de serem moléculas originárias de plantas ou de microorganismos que são necessariamente mais seguras, seja para o homem ou para o meio-ambiente.”

Foto: Rodrigo Carvalho Gonçalves

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