Aluno da UFV, bolsista do Ciência sem Fronteiras, realiza revisão taxonômica de grupo de formigas na Austrália

O estudante do curso de Ciências Biológicas da UFV, Júlio Cézar Mário Chaul, passou um ano na Austrália pelo programa Ciência sem Fronteiras. Durante o estágio que fez na agência de pesquisa australiana CSIRO (Commonwealth Scientific and Industrial Research Organisation), na cidade de Darwin, sob a orientação do Dr. Alan Andersen, o estudante realizou a revisão taxonômica das formigas pertencentes ao grupo emmae do gênero Strumigenys. Júlio chegou ao Brasil no mês de agosto e trouxe na bagagem muitos dados a serem trabalhados e também uma rica experiência em pesquisa científica.

Desde antes de ir para a Austrália, Júlio já tinha familiaridade com formigas do gênero Strumigenys. Na UFV, ele integra a equipe do Laboratório de Ecologia de Comunidades, coordenado pelo professor José Henrique Schoereder. A princípio, o estudante foi para a Austrália cursar disciplinas na Universidade de Adelaide, no sul do país, onde passou quatro meses. Logo em seguida, durante o estágio de verão, ele foi para o extremo oposto do país, na cidade de Darwin, capital do Território do Norte. O estágio era para ser de apenas três meses, mas diante das possibilidades que Júlio visualizou na CSIRO, ele resolveu pedir autorização ao CNPq e estender a sua permanência em Darwin. A CSIRO detém a maior coleção do mundo de formigas australianas, com cerca de 6 mil espécies nativas, a grande maioria ainda não descrita.

Após conseguir a autorização para permanecer em Darwin, Júlio desenvolveu um projeto de Taxonomia para traçar a identidade biológica de espécies de formigas nativas. Para isso, ele realizou muitas visitas a museus. “A maioria dos espécimes que eu estudei não foi coletada por mim, foram espécimes de museu. Muitas vezes, os espécimes estavam depositados há mais de 40 anos nas coleções entomológicas” – descreve. Após intensa pesquisa, muitas fotos de automontagem, produção de chaves dicotômicas e mapas de distribuição, treze novas espécies serão descritas. De acordo com o estudante, como já tinha experiência com formigas do mesmo gênero, o seu olhar treinado o auxiliou na revisão.

Sobre o êxito obtido no trabalho, Júlio destaca que foi fundamental a liberdade que o seu orientador na CSIRO lhe concedeu. “Apesar da linha de pesquisa principal do Dr. Andersen não ser a Taxonomia, ele deu condições e liberdade para eu trabalhar na coleção dele, que tinha muito material cuidadosamente guardado durante anos de coletas realizadas em várias partes da Austrália. Além disso, o seu profundo conhecimento sobre a fauna de formigas australianas foi fundamental para a interpretação dos limites das espécies, principalmente, nos casos onde a morfologia era mais desafiadora”.

O estudante ainda destaca que no Brasil, o seu orientador, o professor José Henrique Schoereder, também oferece total liberdade à sua equipe de trabalho. “Uma das qualidades de um bom orientador é dar-nos liberdade para arriscar alguns estudos que saiam um pouco da linha de pesquisa principal que seguem, valorizando os interesses dos alunos. Dessas experimentações podem surgir bons resultados.” – afirma o estudante que, agora, prestes a concluir o curso de Ciências Biológicas, escreve sua monografia, cujo tema envolve formigas, contudo, desta vez, o objeto de estudo é a fauna de fragmentos florestais da região de Viçosa.

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